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Com o setor de logística aquecido, o mercado já está preocupado com a possibilidade de faltar equipamentos até o fim do ano.
A indústria de máquinas e equipamentos deve encerrar 2022 com desempenho abaixo do previsto. Os bons ventos que sopraram para o setor até o ano passado, quando o aumento de receitas chegou a 21,6%, arrefeceram a partir de janeiro. Nos oito primeiros meses deste ano, houve queda de 5,1% em relação ao mesmo período de 2021, contrariando expectativas de empresários que projetavam expansão de mais de 4% para 2022, que fechou com um total de RS 222 bilhões.
Há exceções, e o segmento de equipamentos para infraestrutura é uma delas. E enquanto nos dois anos anteriores o desempenho foi puxado pelo aumento do comércio eletrônico e de transporte de medicamentos, em 2022 o impulso para manter o ritmo de operações acima da média da indústria veio pela expansão do agronegócio, da construção civil e do setor de petróleo e energia.
O segmento de locação de equipamentos de logística, por exemplo, vem enfrentando um bom problema de aumento da demanda superior a capacidade de oferta. "Estamos comprando empilhadeiras para conseguir manter as locações e atender clientes, tanto os nossos quanto os novos.
Neste ano, a situação está enlouquecedora, acima do esperado", diz Cláudio De Marco, diretor da Movicarga, empresa de aluguel de equipamentos de movimentação de cargas. Toda frota de empilhadeiras de médio porte está alocada. No pátio, segundo ele, restam apenas algumas máquinas de grande porte, acima de 5,5 toneladas, levando a companhia a investir na compra de novas empilhadeiras para dar conta do aumento da demanda.
Mesmo assim, há dificuldades para atender, com sua frota de 650 máquinas, todos os pedidos chegam. "O prazo de entrega dos equipamentos novos está variando de 120 a 180 dias. Era de 60 dias. É muito tempo para uma procura mais imediata", diz De Marco. Segundo ele, o ritmo se acelerou no fim de 2021, com aumento dos contratos de locação de longo prazo, mas a partir de 2022 a demanda disparou, com um diferencial relevante. Ao lado da procura por contratos mais longos, aumentou o número de clientes interessados em locação de curto prazo, operações spot, que vai de duas semanas a seis meses.
"Temos quatro a cinco pedidos por dia do spot. Muitos não conseguimos atender, porque o prazo de entrega de novas máquinas é maior. Esses clientes precisam de empilhadeiras para o dia seguinte", diz o executivo, citando os setores varejistas, de construção civil e da indústria de alimentação como os que mais investem na ampliação de centros de distribuição.
Já com relação aos contratos de longo prazo, as demandas vêm de papel e celulose, petroquímica, automobilística e da agroindústria. "Os negócios voltaram a andar", diz. A seu ver, parte do aquecimento atual reflete a antecipação de pedidos que normalmente ocorrem em outubro, sobretudo no varejo, em decorrência da Copa do Mundo em novembro, quando se espera uma (Veada no ritmo de expansão. Ainda assim, as perspectivas são promissoras. "Acreditamos em uma melhora para 2023, mas talvez não no nível de 2022. Este ano foi um ponto fora da curva", diz o executivo. Nos últimos nove meses, a Movicarga cresceu cerca de 15%, na contramão do percurso seguido pela indústria nacional de máquinas e equipamentos.
A empresa também opera com locação de plataformas articuladas e transpaleteiras, com maior investimento em componentes eletrônicos. Há novidades, entretanto, que tendem a dar novo fôlego à indústria. Inovações propiciadas com a entrada do 5G e equipamentos "verdes" estão entre elas. A Store Automação, empresa de tecnologia da informação para logística, vem investindo em tecnologias disruptivas, como inteligência artificial, metaverso e blockchain, de olho no cenário que se desenha para os próximos anos. São recursos que permitirão, além da ampliação de clientes, aumento de novos negócios, inclusive no mercado internacional.
A empresa aposta em plataformas inteligentes capazes de ligar clientes em busca de fretes a operadores que oferecem tais serviços no mercado global. Uma espécie de um grande marketplace internacional de distribuição e logística. "São as tecnologias para onde a logística deve ir. Com o 5G estamos falando de cidades inteligentes, na possibilidade de trabalhar com transporte inteligente, sem motorista", diz Wagner Rodrigues, presidente da Store. Em resumo, caminhões saindo do porto de Santos para distribuição de mercadorias e seguindo pela rodovia Imigrantes, em São Paulo, em pista apropriada para veículos sem motorista. "Estamos investindo nessas novas tecnologias. Vemos isso para 2024 e 2025. Temos muito espaço para otimizar os processos", diz o executivo.
Neste ano, no entanto, o ritmo de crescimento da Store caiu em relação a 2021, embora deva encerrar dezembro com expansão em torno de 10%. No ano passado foi de 30%, segundo Rodrigues, para quem o mercado permanece demandante, mas não com o fôlego e otimismo dos anos anteriores. "O ano começou bem, mas a crise no setor de startups afetou o mercado de tecnologia, aliado à crise internacional em função da guerra e às questões ligadas à eleição no Brasil", diz o executivo, observando que a alta da Selic, hoje em 13,75%, tornou o capital mais seletivo em relação a investimentos. "Muitas empresas tinham projetos de expansão de centros de distribuição que foram interrompidos. Continuam operando, mas não com expectativa tão alta", diz.
Os segmentos do agronegócio, de saúde e de derivados de petróleo permaneceram como carro-chefe da demanda por operações logísticas em 2022.O a no também foi de relativa estabilidade de demanda para a Thermo King, fabricante global de sistemas de controle de temperatura para carretas e caminhões, em virtude, principalmente, do aumento de custos provocado pela alta do preço do diesel, hoje superior ao da gasolina.